quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Doenças Crônicas: Em busca de alternativas terapêuticas!

Vários documentos políticos e técnicos internacionais atestam que vivemos uma crise mundial de saúde. Um exemplo é a Carta dos Povos pela Saúde (2000), fruto de uma Assembléia internacional envolvendo a população de todos os continentes do globo, que explicita a crise mundial através das desigualdades sociais, das práticas políticas injustas e da manutenção das relações de poder e dependência entre as nações, com a saúde sendo tratada como um bem comercial.

Pesquisa do IBGE acerca de doenças crônicas
para o ano de 2008.
Relatórios da Organização Panamericana de Saúde (OPAS) e da Organização Mundial de Saúde (OMS) (2005, 2007) atestam que nunca houve antes no mundo tantos pacientes portadores de doenças crônicas e a estimativa para 2015 é que esta proporção aumente mais ainda. Mais de 60% de todas as mortes em nosso país são relacionadas a doenças crônicas. Aqui o número de mortes estimadas em 2005 de vítimas de doenças crônicas foi de 1.289.000. Até 2015 o país registrará um aumento de 82% de mortes por diabetes. A OMS estima que o Brasil perde cerca de 3 bilhões de dólares ao ano de toda a sua produção nacional devido a mortes prematuras por doenças do coração, acidente vascular cerebral e diabetes.

Tais enfermidades crescem continuamente, muitas vezes operando co-morbidades com as biopatias, depressões, outras doenças cardiovasculares e do aparelho respiratório a despeito de toda a tecnologia biomédica desenvolvida para combater tais adoecimentos, explicitando a limitação de lidar com tais sofrimentos.

A despeito de inúmeras legislações e acordos internacionais, como a Declaração de Alma Ata (1978) e os princípios do próprio Sistema Único de Saúde Brasileiro (2003), a saúde majoritariamente é tratada como seu antônimo a “doença” e serve como recurso lucrativo e instrumental. Um estudo realizado em Pernambuco com o título “Contra a desumanização da Medicina” reforça tais evidências (2003).

Sessão de Acupuntura.
A perspectiva biomédica predominante neste modelo, já é continuamente problematizada por inúmeras frentes (Medicina Integral, Saúde Coletiva, Práticas Alternativas, abordagens contemporâneas da Psicoterapia Psicocorporal e Transpessoal, Medicinas Tradicionais do Oriente – Acupuntura e Ayurveda –, Homeopatia, etc). Os avanços no campo de intervenções com fraturas e outras situações emergenciais são inegáveis, porém a fragmentação do sujeito, o abuso da alopatia e a lógica lucrativa pervertem a concepção de saúde, oneram os recursos públicos e reduzem as possibilidades de intervenção, principalmente no campo prioritário da promoção de saúde.

Tem havido crescente interesse no campo da Integralidade e das Práticas Integrativas em saúde. A OMS desde a década de 50 instituiu um grupo de pesquisadores para avaliar tais práticas, passando em seguida a recomendá-la aos serviços públicos de saúde ao redor do mundo por apresentar inúmeros benefícios:

- são menos invasivas (apresentam menos ou nenhum efeito colateral em relação a tratamentos alopáticos);
- menos onerosos (pois demandas menos/ou nenhuma manipulação laboratorial e necessita de menos equipamentos dispendiosos);
- são eficazes em tratamentos em nível primário, e até secundário;
- empoderam os sujeitos que demandam cuidado, distribuindo o poder de cura entre os próprios pacientes;
- aproveita os recursos naturais locais;
- produz outras racionalidades médicas e de cuidado, ampliando o leque de estratégias de atenção à saúde.

Com aumento epidemiológico de doenças ditas “crônicas” e de doenças ocasionadas por hábitos e práticas sociais/culturais (causas externas), bem como a orientação prioritária do SUS na atenção primária, cada vez mais as Práticas Integrativas tem ampliado seu leque de atuação.

Terapia Bioenergética.
A Política Nacional de Promoção da Saúde, a Política Nacional de Humanziação na Saúde e a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, todas elas publicadas na última década, servem de diretrizes e apoio para o desenvolvimento e ampliação de estudos, pesquisas e práticas neste campo.

Bons resultados no cuidado à saúde diante de diversos quadros de adoecimento crônico, bem como na promoção de doenças e agravos por hábitos sociais, fazem de práticas como a Acupuntura, a Homeopatia, a Fitoterapia, a Análise Bioenergética, a Terapia Comunitária estejam ganhando espaço, reconhecimento e visibilidade social.

Na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), reunimos professores e profissionais de referência na região nestes diversos campos no Laboratório de Estudos, Pesquisas e Intervenção em Integralidade, para que através do exercício cuidadoso da pesquisa, do estudo e da prática localmente orientada, possamos expandir o conhecimento contribuindo para o desenvolvimento deste campo no âmbito local, regional, nacional e internacional.

Nenhum comentário:

Postar um comentário